UFRJ acelera produção de células-tronco
03/08/2012
UFRJ acelera produção de células-tronco
Material embrionário poderá ser usado em um número maior de pesquisas simultâneas
Renato Grandelle
Dois dos maiores gargalos para a produção de células-tronco embrionárias foram vencidos ao mesmo tempo na UFRJ. A nova tecnologia, descrita na próxima edição da revista "Tissue Engineering" - uma das mais conceituadas na área de bioengenharia -, poderá ser aplicada em qualquer terapia com interesse no material. Entre elas, destacam-se o estudo de novos tratamentos para câncer, mal de Parkinson, lesões de medula, diabetes e cegueira.
Os métodos usados até agora permitiam uma produção limitada de células-tronco embrionárias, incapaz de ser aplicada em um grande número de pacientes em ensaios clínicos, e os resultados colhidos em laboratório vinham contaminados por compostos animais - para garantir o crescimento, as culturas recebiam a injeção de um soro fetal bovino, o que tornava quase inviável sua sobrevivência em um ser humano. A técnica desenvolvida pelo Laboratório Nacional de Células-Tronco Embrionárias (Lance) conseguiu gerar, em apenas seis dias, 160 milhões de células humanas pluripotentes (capazes de se transformar em qualquer tecido) sem contaminantes, quantidade suficiente para ser empregada em dezenas de pessoas.
A maior eficiência deveu-se à mudança no meio de cultura, segundo Stevens Rehen, coordenador do Lance:
- Hoje, o cultivo de células-tronco embrionárias humanas costuma ser feito com frascos estáticos, e elas são expandidas com a ajuda de compostos não-humanos. É um processo trabalhoso e não eficiente - critica. - Criamos sistemas agitados por microcarregadores, que deixam as células à deriva, flutuando, num meio isento de contatos com componentes animais, e muito maior do que o de centenas de placas de laboratório.
A produção de um método como este era um dos maiores objetivos do Lance, que tem recursos para garantir seu funcionamento até 2013. O laboratório, agora, procura parceiros na iniciativa privada que viabilizem a continuação de suas atividades.
Embora o novo método seja uma excelente notícia para os interessados na aplicação terapêutica de células-tronco embrionárias, a Lei de Biossegurança só autoriza seu uso para pesquisa. Para tratamento, seria necessário a aprovação de projeto pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa e pela Anvisa, entre outros órgãos.
Fonte: Exercito.gov
Imagem: Adaemebiologia.blogspot.com