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SUS estuda oferecer vacina

25/06/2012

SUS estuda oferecer vacina

Publicado em: 25 de junho de 2012

O Ministério da Saúde (MS) está estudando a possibilidade de inserir a vacina contra o papiloma vírus humano (HPV) no seu calendário oficial de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS). A informação foi fornecida pela infectologista Rosana Richtmann, integrante do comitê que assessora o MS em estudos sobre a implementação de vacinas, durante um workshop sobre o papiloma vírus humano realizado pelo Instituto do HPV da Santa Casa de São Paulo.

A infecção por HPV é a doença sexualmente transmissível (DST) existente mais comum e pode causar diversas doenças como cânceres de colo de útero, vagina, vulva, ânus e pênis, tumores de garganta, além de verrugas genitais. "A vacina contra o HPV está na agenda do MS e os técnicos estão realizando os estudos necessários para a sua possível inserção no Programa Nacional de Vacinação. Mesmo ainda não tendo nada definido, o fato do comitê estar discutindo esta possibilidade já é um grande passo", destaca a infectologista.

Para que uma vacina integre o calendário oficial do MS, os técnicos do comitê sobre vacinas realizam estudos sobre a incidência das doenças na população brasileira, os custos e o quanto os cofres públicos economizariam com a adoção das prevenções. Países como Austrália e Portugal já oferecem a vacina gratuitamente às suas populações.

No Brasil já existem dois tipos de vacinas contra o HPV, a bivalente, indicada para mulheres de 9 a 26 anos, para prevenção de cânceres de colo de útero, da vulva e da vagina, e a vacina quadrivalente, a mais indicada e que previne alguns tipos de cânceres ginecológicos, verrugas genitais e lesões pré-cancerosas em meninas e mulheres de 9 a 26 anos. A vacina quadrivalente é a única indicada para homens e os protege contra verrugas genitais.

De acordo Luisa Lina Villa, pesquisadora do Instituto Ludwig de Pesquisa sobre o Câncer, especialista em HPV, a vacina quadrivalente já pode ser encontrada na rede particular por custos que variam de R$ 300 a R$ 400 a dose. "A vacina é composta por três doses e é importante que as adolescentes recebam o esquema completo antes de tornarem sexualmente ativas. A vacina é potencialmente mais eficaz para garotas ou mulheres vacinadas antes de seu primeiro contato sexual, uma vez que a contaminação por HPV ocorre concomitantemente ao início da atividade sexual."

A pesquisadora explica que mulheres, mesmo que sexualmente ativas, em qualquer faixa etária também podem se beneficiar da vacinação, pois elas serão protegidas contra outros tipos de HPV contidos na vacina. Além disso, elas podem se reinfectar com o mesmo tipo de vírus em outros momentos da vida, já que a imunidade natural não é muito eficaz. "A vacina oferece imunidade duradoura, protegendo as mulheres da recontaminação."

Papanicolau

Luisa Lina frisa que a vacina contra o HPV não substitui o exame de prevenção de câncer de colo do útero. Mesmo as mulheres que completaram o esquema de imunização (tomaram as três doses) devem continuar se submetendo ao exame de papanicolau rotineiramente. O exame é considerado o melhor método para detectar câncer de colo de útero, pois identifica entre 80% e 95% dos casos da doença, inclusive nos estágios iniciais. "A recomendação é que as mulheres realizem o papanicolau anualmente a partir da primeira relação sexual ou após os 25 anos", afirma.

Verrugas Genitais

Outra doença muito comum causada pelo HPV são as verrugas genitais, erupções da pele, de cor branca ou avermelhada, que aparecem nos genitais externos ou próximas ao ânus tanto de homens quanto de mulheres. "As verrugas genitais podem aparecer semanas ou meses após o contato sexual com uma pessoa infectada", revela a ginecologista, chefe do ambulatório de Colposcopia da Santa Casa de São Paulo, Adriana Campaner.

De acordo com informações do Instituto do HPV da Santa Casa de São Paulo, a cada ano são diagnosticados em torno de 30 milhões de novos casos de verrugas genitais no mundo, considerando apenas mulheres. Cerca de dois terços das pessoas que mantenham contato sexual com um parceiro com verrugas genitais vão tê-las, normalmente dentro de três meses. "O tratamento das verrugas é caro e difícil e é uma doença que causa estresse social, baixa autoestima e grande impacto psicológico em homens e mulheres."

A ginecologista acrescenta ainda que uma situação de verruga genital costuma ter um efeito devastador na vida da mulher. "Na prática clínica percebemos que, em muitos casos, o choque emocional é maior do que o causado pela notícia do câncer de colo de útero, pois ele não é visível."

Estudo em escolas

No final de 2010, a cidade de Barretos foi palco de um estudo realizado com a vacina contra o HPV com intuito de mostrar sua efetividade. O estudo foi coordenado pelo oncologista José Humberto Fregnani, que explica que para conseguir maior alcance das adolescentes a pesquisa foi realizada em escolas ao invés de postos de saúde. "É difícil fazer o público adolescente vacinar. Levar a vacina aos colégios foi uma forma de tentar conseguir diminuir as desistências antes do ciclo de proteção estar completo", justifica.

Foram selecionadas 19 escolas - uma parte da rede pública e outra da particular. Alunas do 6º e 7º ano do Ensino Fundamental, sem definir a faixa etária, foram vacinadas. No total, 1.513 meninas foram vacinadas, com idade média de 10 anos, e a taxa de aceitação das doses foi de 92%. A taxa de cobertura completa - das três doses - foi de 85%.

Fonte: Moradafm.com

Imagem: Anjoseguerreiros