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Ranking deve ser aprimorado, diz analista
05/09/2012
05/09/2012-05h30
Ranking deve ser aprimorado, diz analista
DE SÃO PAULO
O RUF (Ranking Universitário Folha) aumentará a competição entre as melhores escolas, mas deveria ter alguns dos conceitos revistos. Esse é o veredicto de Tufi Machado Soares, um dos principais pesquisadores de avaliações educacionais do país.
Soares diz que o quesito "qualidade de ensino" deveria ser alterado. O item vale 20% da nota da universidade no ranking, que é o primeiro do tipo a ser criado no país.
No RUF, foi consultada pelo Datafolha uma amostra dos cientistas mais produtivos no Brasil, para que eles citassem as melhores instituições de ensino em suas áreas.
"É um critério subjetivo, que até pode ser mantido, mas deveria ser complementado com outros", afirmou Soares, da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG).
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RAIO-X | TUFI MACHADO SOARES
FORMAÇÃO Graduação em engenheira elétrica pela Universidade Federal de Juiz de Fora; doutorado em teoria matemática de controle e estatística pela PUC-Rio; pós-doutor em estatística pela UFRJ (Universidade Federal do Rio do Janeiro)
CARGO Coordenador de pesquisa do Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG), onde também é professor de graduação
ESPECIALIDADES Análise de resultados das avaliações educacionais em larga escala e de políticas públicas na área da educação
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O pesquisador afirma que poderiam ser incluídos o Enade (exame federal de universitários) e a taxa de retenção (proporção de alunos que não desiste da universidade).
A inclusão do Enade chegou a ser analisada pela equipe que criou o RUF, mas foi desconsiderada porque a USP não participa do exame e há a possibilidade de que notas baixas sejam, na verdade, fruto de boicote dos alunos.
A seguir, a opinião de Soares em relação ao ranking. (FÁBIO TAKAHASHI)
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Folha - Qual sua avaliação sobre o ranking?
Tufi Machado Soares - A sociedade demanda informações sobre qualidade da educação. No caso do ensino superior, o ranking agora supre essa demanda.
Haverá maior competição entre as universidades de ponta, que buscarão aparecer cada vez mais no ranking.
Para as demais instituições, não creio que a disputa ocorra. Elas deverão privilegiar a melhoria dos indicadores com mais problemas.
Sobre os critérios técnicos do ranking, qual é sua opinião?
Eles mais ou menos seguem os principais rankings internacionais. Eu colocaria um pouco mais de peso em inovação [que vale 5% da nota da universidade no RUF], que também é uma demanda da sociedade e que cresce.
Mas a principal sugestão que faço é a alteração do critério de qualidade de ensino.
Ela foi levantada por meio da opinião dos especialistas. É um critério subjetivo, que até pode ser mantido, mas deveria ser complementado com outros. Especialistas não conhecem todas as escolas e tendem a repetir o que veem na produção científica.
Há dados objetivos que podem ser usados, como o Enade e o quanto a universidade consegue manter o aluno, que é a taxa de não evasão.
De qualquer forma, é importante que o ranking tenha aberto o debate. Muitas universidades vão reclamar, outras vão elogiar. É do jogo.
A USP não participa do Enade. Como contornar isso?
Isso é um problema. Mas é possível contorná-lo.
Além do aumento da competição entre as universidades, o sr. vê outros impactos que o ranking pode trazer?
Vocês usaram indicadores claros para avaliar pesquisa [como número de publicações por professor], que deveriam ser incorporados pelo Ministério da Educação.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
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Fonte: Folha.com
Imagem: Ufpi.br