Principal nome do simbolismo, Cruz e Sousa é tema do Projeto Educação
14/08/2013
"Principal nome do simbolismo, Cruz e Sousa é tema do Projeto Educação
Poeta catarinense teve vida marcada por dificuldades.
Movimento rompeu com o materialismo do final do século XIX.
O simbolismo foi um movimento literário, das artes plásticas e do teatro que rompeu com o materialismo do final do século XIX. Enquanto o mundo dava atenção às teorias científicas de nomes como Charles Darwin, poetas investiam em uma linguagem metafórica e cheia de imagens. O maior representante literário do simbolismo no Brasil, Cruz e Sousa, foi tema da reportagem do Projeto Educação desta quarta-feira (14).
João da Cruz e Sousa, ou apenas Cruz e Sousa, como ficou conhecido, nasceu na cidade de Florianópolis, na época denominada Desterro, em Santa Catarina. Negro e filho de escravos, ele teve uma vida marcada por dificuldades. A publicação de duas de suas obras, em 1893, marcou o início do simbolismo no Brasil: "Missal" e "Broquéis". Apesar de toda dor e sofrimento, a obra de Cruz e Sousa não pode ser compreendida como uma queixa, uma autoconfissão. Seu caráter é filosófico, pois muitos são os questionamentos carregados de humanidade.
Poeta catarinense foi o maior nome do simbolismo no Brasil. (Foto: Reprodução / TV Globo)Poeta catarinense foi o maior nome do simbolismo no
Brasil. (Foto: Reprodução / TV Globo)
“A linguagem é muito indireta. Por exemplo, [Cruz e Sousa] é capaz de fazer um poema sobre a palavra ‘corpo’ sem usar a palavra ‘corpo’ nenhuma vez. O nome do poema é 'Cárcere das Almas'. Ele não usa a palavra nenhuma vez. Logicamente, o poema simbolista exige do leitor uma percepção e uma leitura mais amadurecida e mais profunda. O simbolismo coloca a poesia dentro de um diapasão religioso-filosófico de inquirição das questões humanas”, comentou a professora de literatura, Flávia Suassuna.
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Importante também no teatro e nas artes plásticas, o simbolismo na literatura apresenta características marcantes. “Pelo uso de vocábulos inusitados, pouco usados, e por essa linguagem indireta, altamente metafórica e mesmo polissêmica, porque a vida obscura, por exemplo, pode ser se referindo à vida de sofrimento, à morte dos filhos, à loucura da esposa e à dor de ser um ser humano”, explicou Flávia.
A professora ensinou ainda que a mensagem do simbolismo é espiritualista, conseguida através de imagens extremamente simbólicas - daí o nome do movimento. “Ele tem preferência por substantivos abstratos. Mesmo na Europa, foi um movimento desvalorizado na época. Depois, quando a gente começou a estudar o modernismo, por exemplo, no Brasil, com Drummond, Cecília Meireles, Mario Quintana, Murilo Mendes, Jorge de Lima e Vinicius de Moraes, a gente viu que há uma semente simbolista nesses escritores”, concluiu Flávia Suassuna."
Fonte e Imagem: G1.globo.com