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Prêmio Nobel de Química vai orientar estudos na UFRJ

25/07/2012

Prêmio Nobel de Química vai orientar estudos na UFRJ

Suíço vencedor do prêmio de 2002 participará do programa "Ciência sem fronteiras"

RIO - Ganhador do Prêmio Nobel de Química de 2002, o suíço Kurt Wüthrich é o primeiro cientista de renome mundial que chega ao Brasil para trabalhar no programa "Ciência sem fronteiras". Amanhã, Wüthrich será apresentado oficialmente como pesquisador visitante especial no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia de Biologia Estrutural e Bioimagem (Inbeb) da UFRJ. Também vencedor de um Nobel de Química, o de 2011, o israelense Dan Shechtman negocia sua participação no programa do governo federal e deve colaborar com a UFRJ, o que fará com que a universidade passe a contar com dois laureados com o maior prêmio da ciência do mundo em seus quadros. Ontem, Shechtman proferiu palestra para mais de mil pessoas durante a 64ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e até a semana que vem visita ainda o Rio e São Paulo.

Segundo Wüthrich, a escolha da UFRJ se deveu ao investimento feito pela instituição - com ajuda da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação - na área de ressonância magnética nuclear, especialidade que lhe rendeu o Nobel. Entre equipamentos e instalações, foram cerca de R$ 20 milhões, o que permitirá que trabalhe com o mesmo aparelho, único na América Latina, que usa em seus laboratórios no Instituto de Pesquisa Scripps, nos EUA, onde atua como professor de biologia estrutural, e no Instituto Federal de Tecnologia de Zurique, onde é professor de biofísica.

- Não teria sentido vir para o Brasil se não houvesse laboratórios e equipamentos - destaca. - Historicamente, o Brasil, assim como outros países da América Latina, enfrentou altos e baixos na ciência. Agora, porém, o país está em um momento de forte crescimento nos investimentos em ciência, o que faz com que seja a hora certa de combinar grandes gastos com uma mudança de patamar na produção científica. Temos que ser realistas. Sem este tipo de investimento básico, nada aconteceria.

Wüthrich reconhece que ajudou na escolha da UFRJ o fato de ter um longo relacionamento profissional com Jerson Lima Silva, coordenador do Inbeb, e Marcius Almeida, pesquisador do instituto. O suíço conheceu Jerson em 1984, quando ele ainda era um estudante de medicina se preparando para começar um doutorado em bioquímica e conseguiu uma bolsa para participar de um congresso da União Internacional de Biofísica Pura e Aplicada, da qual Wüthrich era secretário-geral. Já Marcius fez seu pós-doutorado entre 2003 e 2006 no Instituto Scripps sob a orientação do suíço.

Na UFRJ, Wüthrich já selecionou dois alunos, um de doutorado e outra de pós-doutorado, para orientar em suas teses ao longo dos próximos três anos, período em que virá frequentemente ao Brasil para reuniões, aulas, palestras e seminários especiais. Graduado em farmácia e com mestrado no próprio Inbeb, Leonardo Vasquez contará com a ajuda do suíço em seus estudos sobre a síntese de proteínas dentro dos ribossomos, as fábricas de proteínas das células. Já Luana Heimfarth, que acaba de completar doutorado em neurobiologia celular na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), vai aprender técnicas de ressonância magnética nuclear para aprofundar e melhorar suas pesquisas.

- Espero que minha vinda traga uma nova forma de pensar a educação e a infraestrutura em ciência no Brasil, além de ampliar as opções para a próxima geração de cientistas brasileiros. Novamente, se não pensasse que o Brasil estivesse no caminho certo, não estaria aqui - diz Wüthrich.

Segundo Lima Silva,

o governo brasileiro, por meio do "Ciência sem fronteiras", será responsável por ressarcir Wüthrich dos seus gastos com passagens aéreas nas idas e vindas ao país, além de fornecer ajuda de custo de até R$ 28 mil anuais para suas estadias no Rio, onde deverá trabalhar por um total de dois meses a cada ano. O suíço também poderá gastar até R$ 50 mil anuais com insumos para pesquisas no laboratório do Inbeb.

- Colocando tudo junto, o custo não é tão alto para ter um ganhador do Nobel trabalhando conosco - avalia Jerson.

Fonte: Oglobo.com

Imagem: Oglobo.globo.com