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Para desafogar emergências, rede hospitalar da Capital deverá ganhar 67 novos leitos até o fim da semana
02/07/2012
Para desafogar emergências, rede hospitalar da Capital deverá ganhar 67 novos leitos até o fim da semana
Reforço faz parte de um plano que deve disponibilizar 1.077 vagas extras até dezembro de 2013
Num momento em que o caos na saúde chegou a um ponto crítico, com registros de ofensas a funcionários de hospital da Capital e de depredação em unidade em Viamão, o poder público anuncia medidas para tentar amenizar a superlotação das emergências.
Ouvidos por ZH, os secretários de Saúde da Capital e do Estado (confira entrevistas abaixo) comentaram a situação afirmando que apenas criar novas vagas não basta, pois, segundo eles, é preciso aprimorar o uso do sistema de saúde.
Até o fim da semana, a rede de atendimento da Capital deve receber 67 novas vagas. Nesta segunda-feira, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) deverá disponibilizar 47 leitos de apoio à emergência da Santa Casa de Misericórdia, uma das mais lotadas da cidade. Outro hospital com problemas sérios de superlotação, o São Lucas da PUCRS, também terá 20 novos leitos, com previsão de entrega até sexta-feira.
- A superlotação deverá cair gradativamente. Para 2013, deveremos ter uma situação bem mais confortável - estima o secretário de Saúde da Capuital, Marcelo Bosio.
Os novos leitos fazem parte de um plano lançado pela SMS no dia 25 de junho. No total, a previsão é implantar mais 1.077 vagas hospitalares em Porto Alegre até o final de 2013 - 490 delas ainda este ano. Atualmente, segundo a SMS, a Capital tem ao todo 5,5 mil leitos hospitalares.
Confira as novas vagas com abertura prevista para dois hospitais da Capital:
Santa Casa
- 47 leitos de apoio à emergência (para internação propriamente dita), a partir desta segunda. Deverão ser 127 leitos até outubro
- 14 novos leitos de observação na emergência (para pacientes que ficam até 24 horas no hospital), ainda em julho
Hospital São Lucas da PUCRS
- 20 leitos de apoio à emergência, ainda nesta semana. Outros 20 deverão ser disponibilizados até o final de julho
- 22 novos leitos de observação na emergência, em agosto
ENTREVISTA: Ciro Simoni - Secretário estadual da Saúde
Zero Hora - Neste domingo, ocorreu um novo atrito entre pacientes e servidores de uma emergência, desta vez no Conceição. A que o senhor atribui esses conflitos?
Ciro Simoni - A emergência do Conceição nunca esteve tão bem como nestes últimos dias, depois da entrega de novos leitos. O hospital já esteve muito pior, e não houve conflito. O que existe é um estresse das pessoas, uma coisa que não é de hoje, nem de ontem. São pessoas que não têm urgência, mas querem ser atendidas logo. Os serviços são para atender casos de urgência e emergência. O atendimento é proporcional ao risco. O paciente que não está em risco vai ter de esperar para ser atendido na hora que folga. Na rede particular ele espera, mas parece que no SUS tudo é dificuldade. Existe todo um preconceito contra o sistema de saúde.
ZH - Então o senhor entende que há um uso inadequado das emergências?
Simoni - Isso sempre houve. As pessoas têm ideia de que se forem para o hospital vão ter um atendimento mais rápido. Na verdade, essas pessoas não tinham necessidade de ir à emergência. Elas precisam ter consciência de que há pacientes mais graves, que precisam ser atendidos primeiro.
ZH - A prefeitura de Porto Alegre diz que a superlotação das emergências ocorre por causa dos pacientes que vêm do Interior. Como o senhor avalia isso?
Simoni - A estrutura existente em Porto Alegre é montada com recursos federais, para atender mais do que a população de Porto Alegre. Das consultas realizadas na cidade, 45% são oferecidas para o resto do Estado. Porto Alegre tem, sim, de fazer esse atendimento. Ela tem muito mais leitos, consultas e emergências do que o necessário para atender à sua população. Recebe dinheiro para atender pacientes de outras cidade e tem de atendê-los.
ZH - Existe perspectiva de melhora na situação das emergências?
Simoni - Desde o primeiro dia na secretaria trabalho nisso. Quando cheguei, em janeiro de 2011, o hospital de Canoas tinha sete pacientes. Hoje são 400 leitos pelo SUS. O Hospital de Novo Hamburgo abriu mais 60 leitos pelo SUS. Estamos trabalhando para abertura de mais vagas, no Hospital Vila Nova, na Beneficência Portuguesa, na Santa Casa e no hospital da Restinga. Mas quanto melhor o serviço do SUS, mais procura tem.
ENTREVISTA: Marcelo Bosio - Secretário municipal da Saúde de Porto Alegre
Zero Hora - Porto Alegre vive hoje uma carência de leitos de emergência?
Marcelo Bosio - Porto Alegre, pela população que tem (1,4 milhão de pessoas), não precisaria de mais leitos de apoio à emergência. Mas o cálculo envolve também a Região Metropolitana e o Litoral Norte, então são em torno de 4,5 milhões. Se fosse só Porto Alegre, não haveria superlotação. Deveremos chegar a uma ampliação de 750 leitos de apoio a emergência até o final de 2013. Mas só abrir mais leitos não resolve.
ZH - É muito difícil fazer com que a população procure os postos de saúde antes de ir às emergências?
Bosio - Isso passa por uma mudança de cultura da população e das equipes de saúde. O programa de saúde de família prevê um acompanhamento permanente, independentemente de as pessoas estarem doentes ou não, para que não esperem o agravamento da doença para procurar atendimento. O ideal seria que 40% dos pacientes que entram no hospital viessem pela emergência. Hoje, em Porto Alegre, quase 90% da entrada nos hospitais se dá pela emergência. Também por isso há superlotação.
ZH - Qual o melhor procedimento da população em caso de demora no atendimento?
Bosio - O ideal é que as pessoas entrem em contato com as ouvidorias dos hospitais e da própria prefeitura, pelo telefone 156.Temos o maior interesse em saber o que acontece. Como vamos atuar se não conseguimos definir bem o que aconteceu? Se as pessoas dão um relato, mesmo anônimo, vamos atrás.
Fonte: Zerohora
Imagem: M.diariogaucho.com