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Médica alega estresse e se afasta por 30 dias

31/01/2013

"Médica alega estresse e se afasta por 30 dias

Monique Renne/CB/D.A Press

Jane Formiga, com a filha Emanuele (E), 9 anos, e a sobrinha Bianca, 7: "Sinto a presença dela a toda hora"

Completa hoje uma semana da morte da criança Rafaela Luiza Formiga de Morais, de 1 ano e 7 meses. A Secretaria de Saúde e o Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT) investigam se a menina pode ter sido vítima de superdosagem de adrenalina, no Hospital Materno-Infantil (Hmib), na Asa Sul. Luiza deu entrada na unidade de saúde com urticária e teria recebido 3,5 ml da substância via intramuscular, quantidade 10 vezes maior do que o indicado para uma criança, segundo especialistas. Ontem, a pediatra Fernanda Sousa Cardoso, responsável pela prescrição do medicamento, apresentou novo atestado médico, informando o afastamento do trabalho por mais 30 dias por quadro de estresse.

A pediatra só será ouvida na Corregedoria da SES-DF após a conclusão da sindicância aberta esta semana e o vencimento do atestado médico. Se constatados indícios de culpa, o GDF deve abrir um processo administrativo para ouvir testemunhas e analisar prontuários. A defesa da médica pode ser feita por escrito. Todo o processo que apura a responsabilidade da servidora dura, em média, 150 dias. A pasta ainda aguarda a entrega do laudo do Instituto de Medicina Legal (IML) para identificar se Rafaela pode ou não ter morrido em razão da dosagem de adrenalina.

Na edição de ontem, o Correio divulgou, com exclusividade, o depoimento do técnico em enfermagem que aplicou a adrenalina na menina. Ele disse ter se assustado com a prescrição para Rafaela. "Eu cheguei e falei para a médica assim: 'Doutora, a senhora passou 3 ml para essa criança, é isso mesmo? (...) A doutora me respondeu que era aquilo mesmo. Ela olhou e disse: 'Pode fazer a medicação porque é uma aplicação intramuscular e a absorção (pelo corpo) será mais lenta'. Se fosse uma aplicação na via de conhecimento, como intravenosa, ninguém faria uma coisa dessas, mas fui convencido pela explicação", contou.

Desde a morte da menina, a pediatra Fernanda Sousa não se pronunciou, apesar de várias tentativas da reportagem por telefone. O Conselho Regional de Medicina (CRM) e o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) também abriram sindicância para apurar o caso. Tanto a pediatra quanto o técnico em enfermagem podem ter o registro cassado, em caso de condenação.

Além de processo ético, a mãe de Rafaela, a comerciante Jane Formiga, 31 anos, garantiu que vai entrar na Justiça para processar os dois profissionais. "Errar é humano, mas quem errou precisa ser punido para que mais pessoas não passem pelo que estou passando", disse.

Saudade Às 19h30 de ontem, a família de Rafaela foi à missa de 7ª dia da morte da criança, no Santuário Jardim da Imaculada, na Cidade Ocidental (GO), onde ela morava com os pais. Uma semana após a morte da filha caçula, Jane começa a se desfazer das roupas e brinquedos dela. "Vou dar para minha sobrinha. Se não serve mais para ela, que sirva para outra criança", disse. Olhar para as bonecas e vestidos no guarda-roupa da filha trouxe saudade. "Tudo me lembra ela. O que eu sinto mais falta é da alegria e da meiguice da minha filha. Dizia que ela era linda e pedia para desfilar quando ganhava uma roupa nova. Era minha modelinho", emocionou-se.

No computador da família, várias fotos e filmagens de Rafaela. As últimas imagens foram feitas em um passeio ao shopping, em dezembro, quando a menina posou em cima de um velocípede de plástico. "Ela gostou tanto que eu e meu marido tínhamos combinado de dar o brinquedo de presente em maio, quando ela completasse 2 anos", lamentou Jane. Apesar da dor, a mãe tenta amenizar o sofrimento com o carinho que recebe da filha Emanuele, 9 anos, e das sobrinhas Luana, 2, e Bianca Formiga, 7. "Sinto muita falta da minha filha, mas, apesar de não estar aqui fisicamente, sinto a presença dela a toda hora. Isso, de certa forma, me conforta."

Fonte: Cofen.com

Imagem: Cofen.com