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Investir na educação dos filhos exige esforço e disciplina dos pais
29/07/2012
Investir na educação dos filhos exige esforço e disciplina dos pais
Estudo mostra como planejar os gastos com o ensino até a pós-graduação
A educação no Brasil é cara, mas nem sempre de boa qualidade. Transformar um filho em doutor não é uma tarefa impossível, no entanto, se a vida acadêmica for cuidadosamente planejada. Estudos do Instituto DSOP deEducação Financeira (www.dsop.com.br) apontam que, do nascimento a um curso de especialização depois da faculdade, um filho de classe média consome cerca de R$ 20 mil por ano, pouco menos de 40% da renda de uma família de três pessoas, com ganho mensal de R$ 4 mil. Em 25 anos, serão investidos R$ 509.800 na educação. Mestrado e Doutorado vão exigir, pelo menos, mais R$ 100 mil, aproximadamente. À primeira vista, pode parecer algo inacessível. Mas não é. Basta observar que, incluindo o 13º salário, a família recebe R$ 52 mil, ao longo de 12 meses. Em 25 anos, o ganho acumulado chega a R$ 1,3 milhão.
Os valores variam de acordo com o padrão de cada grupo social. Uma escola privada tradicional pode ser mais cara. André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, assinala que, apenas na graduação (faculdade) e no mestrado em sua área, desembolsou R$ 134 mil. O investimento vale a pena, porque o Brasil, apesar de viver um momento de pleno emprego, carece de mão de obra qualificada, o que causa sérios problemas ao país. Para suprir as necessidades, as empresas contratam pessoas de fora em caráter temporário. Dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) comprovam que a entrada de estrangeiros para tapar esse buraco cresceu 33% apenas nos três primeiros meses de 2012, na comparação com o mesmo período do ano passado.
Dificuldades
"Não se faz um doutor do dia para a noite. É preciso disciplina. E se a educação fundamental não for boa, as dificuldades para chegar lá são ainda maiores", afirma Reinaldo Domingos, educador financeiro do DSOP. Em seus cálculos, as despesas antes do nascimento, até o parto - mobília, equipamentos, consultas médicas - são de R$ 15,5 mil. Nos dois primeiros anos, fraldas, babá e escolinha custam mais R$ 34 mil. Daí até os 25 anos, só com educação, em colégio particular, o desembolso será de R$ 178,4 mil. Sem esquecer despesas com locomoção, inclusive compra e manutenção de um veículo quando o adolescente chegar aos 18 anos (R$ 86,2 mil), além de R$ 195,7 mil com presentes de aniversário, viagens, passeios e lazer.
O esforço, no entanto, não deve ser apenas dos pais. O aluno com notas boas pode pleitear bolsas de estudo ou entrar em projetos governamentais. O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies, sisfiesportal.mec.gov.br/), do Ministério da Educação, financia a graduação superior de estudantes matriculados em instituições não gratuitas. A cada três meses, o estudante pagará, no máximo, R$ 50, referentes aos juros. Concluído o curso, goza de carência de 18 meses, para recompor o orçamento. Depois, o saldo devedor será dividido em até 13 anos, com juros de 3,4% anuais.
Na pós-graduação stricto sensu (mestrado, doutorado e pós-doutorado), se mantiver o bom desempenho, o estudante pode lançar mão de auxílio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes, www.capes.gov.br) ou do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq, www.cnpq.br). Essas bolsas de estudo estão atualmente em R$ 1.350 por mês (mestrado), R$ 2 mil (doutorado) e R$ 3,7 mil para quem quiser fazer o pós-doutorado. Recentemente, o governo criou o Programa Ciência sem Fronteiras (CsF, www.cienciasemfronteiras.gov.br), apostando na formação de pesquisadores. Até 2015, serão 101 mil bolsas bancadas pelo governo - com investimento de R$ 3,2 bilhões - e 75 mil pela iniciativa privada. A medida já conta com o apoio de várias instituições educacionais do mundo inteiro, principalmente dos Estados Unidos, Canadá e Inglaterra.
Retorno financeiro
Além de excelente investimento em conhecimento para a vida toda, a pós-graduação também acarreta retorno financeiro. Mas é fundamental fazer a escolha certa. Mestrado e doutorado são para quem quer seguir a vida acadêmica. A especialização e o MBA (Master of Business Administration) são mais voltados para o mercado de trabalho. E existem várias opções gratuitas e de qualidade. O curso da Coppead, o instituto de pós-graduação e pesquisa em administração da Universidade Federal do Rio de Janeiro(UFRJ), com duração de 24 meses, é o único brasileiro no ranking do Financial Times, em 51º lugar. Segundo o jornal britânico, ao longo de três anos, o avanço na carreira é tão grande que os formados chegam a ter aumento de 151% no salário.
A Pesquisa Salarial e de Benefícios do Catho On-line (www.catho.com.br), site com vagas deempregos em todo o Brasil, também comprova o impacto do grau de instrução no salário de diferentes níveis hierárquicos nas empresas. A média salarial de quem tem MBA ou mestrado e doutorado cresce principalmente em cargos de diretoria. Para quem iniciou o curso superior, mas não concluiu a graduação, o ganho é de aproximadamente R$ 15,5 mil. Com diploma, sobe para R$ 16,6 mil. O MBA já permite que o rendimento de um diretor salte para R$ 19,6 mil. Valor bem próximo ao dos doutores e mestres (R$ 19,9 mil). Os números são convidativos. Mas é necessário, primeiro, que o aluno identifique a área na qual pretende se especializar para complementar sua formação. E procure uma escola bem avaliada pelo MEC.
A Associação Nacional de MBA (Anamba, www.anamba.com.br), é o órgão regulador do setor privado no Brasil. De acordo com os parâmetros da instituição, a carga horária do MBA é de 500 horas - enquanto uma simples especialização pode ter 360 horas. Além disso, para ter sucesso, o aluno precisa de uma boa dose de realismo. Segundo especialistas, quem não tem pais ricos, precisa trabalhar eestudar, ou seja, deve se poupar de esforços econômicos, sociais eemocionais exagerados. O importante é tirar o melhor proveito possível das oportunidades. O MBA, nesse caso, é o mais indicado, porque toma menos tempo e não afasta a pessoa do seu ambiente de trabalho.
Base sólida
"Ter os pés no chão é a melhor escolha. O Brasil tem um ensino público de péssima qualidade. Em geral, quem estudou em escola pública (a maioria do país) não tem condições de concorrer com os outros que vieram dos colégios de ponta", analisou Fabricio Pessato, coordenador do curso de Ciências Contábeis, da Faculdade Metrocamp, do Grupo Ibmec. Para ele, nem todos vão realmente se beneficiar de mestrado e doutorado. É por isso que o governo já deveria ter percebido que precisa jogar o foco no estudo fundamental. Com uma base sólida, a capacidade produtiva e do salário do trabalhador tende a subir a níveis internacionais. "Demora décadas. Mas, quando chegarmos lá, o Brasil perderá, finalmente, o ranço do colonizado que incentiva a ignorância dos menos favorecidos para manter uma ultrapassada dominação", enfatizou Pessato.
Fonte: Correio Braziliense
Imagem: Reginaldotracaja.blogspot.com