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Formados em novos cursos da UFPE fazem balanço de primeiras turmas

13/08/2013

"Formados em novos cursos da UFPE fazem balanço de primeiras turmas

Graduações criadas no vestibular 2009 formaram primeiros alunos este ano.
Cursos são de arqueologia, cinema, dança, ciências atuariais e ciência política.

Vitor Tavares Do G1 PE
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Yuri fez parte da primeira turma de arqueologia da UFPE e trabalha analisando azulejos históricos. (Foto: Vitor Tavares / G1)Yuri fez parte da primeira turma de arqueologia da UFPE e, atualmente, trabalha analisando azulejos históricos. (Foto: Vitor Tavares / G1)

Em 2008, a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) divulgou a criação de dez novos cursos de graduação, a serem disponibilizados aos estudantes já em 2009. Mais de quatros anos depois, os cursos de Cinema, Ciência Política com Ênfase em Relações Internacionais, Ciências Atuariais, Dança e Arqueologia lançaram no mercado de trabalho do estado os seus primeiros profissionais, que se formaram entre maio e julho de 2013. O atraso ocorreu por conta da greve dos docentes da instituição durante o ano de 2012.

Em comum entre os cincos cursos, um sentimento: a sensação de terem construído o perfil da graduação junto aos professores e coordenadores. Com outras turmas já em andamento, muitos dos novos profissionais se mantêm em contato com a universidade, seja em um projeto de mestrado ou apenas para contribuir com a consolidação das graduações recém-formadas. O G1 entrevistou ex-alunos das cinco graduações para mostrar aos interessados em realizar um dos cursos as impressões de quem viveu por mais de quatro anos a realidade da universidade.
Vitor Diniz já possui empresa própria de consultoria política. (Foto: Vitor Tavares / G1)Vitor Diniz já possui empresa própria de consultoria
política. (Foto: Vitor Tavares / G1)

Ciência política
O cientista político Vitor Diniz iniciou sua vida profissional ainda como estudante. No sétimo período, junto a outros três amigos, criou a RVD Estratégia, uma empresa de consultoria política. Agora já com clientes consolidados e sede própria no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, ele mantém ainda uma relação de troca de experiências com estudantes e com o próprio curso de ciência política.

De acordo com Vitor, o estudante interessado em fazer o curso precisa ter em mente que a graduação enfoca a ciência política e todos os seus aspectos, incluindo as relações de poder internacionais. “Durante o curso, você pode realizar cadeiras que te possibilitem a ênfase em relações internacionais. Mas o curso definitivamente não é voltado para isso. Muita gente entrou pensando que seria desse jeito, mais relações, e acabou se decepcionando um pouco ou até desistindo”, comentou.

A formatura dos primeiros cientistas políticos da UFPE aconteceu em maio deste ano e contou com a presença de 24 alunos – 50 estudantes iniciaram a graduação. “No começo, foi um aprendizado para todo mundo. Foi um desafio também para a coordenação, porque foi uma guerra consolidar essa graduação”, comentou Vitor. O cientista contou ainda que o perfil do curso da UFPE não leva os estudantes a tomarem uma posição política junto aos professores, e sim a discutirem teorias e realidades.

Apesar de terem sofrido para conseguir estágios profissionais remunerados – muito devido ao desconhecimento das empresas sobre o curso –, Vitor Diniz acredita que a situação já está se modificando e que os novos alunos estão encontrando as oportunidades com mais facilidade. Para os formados, chances de se empregar também estão surgindo. “Quem não está seguindo carreira acadêmica, tentando mestrado ou pós-graduação, está encaminhado num emprego ou em alguma oportunidade em entidades de classe, gestão de políticas públicas e até organizações não-governamentais”.

Diferente do que muitos pensam, o profissional de ciência política não atua apenas ligado às eleições ou na construção da imagem de algum político específico. O campo também abrange pesquisas de mercado, monitoramento de mídias e desenvolvimento de estratégias. A RVD entrou justamente nesse mercado e já começou a dar lucros aos seus sócios-fundadores. “Não queremos ser vistos como ‘marketeiros’, que é até um nome pejorativo. A gente trabalha com o que aprendemos durante a nossa graduação, com estratégias. As pessoas começaram a entender agora como trabalha um cientista político de fato. O que a gente quer é criar um mercado diferente aqui no Recife”.

Vitor Diniz agora é estudante de direito da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Segundo o univeristário, a nova graduação surgiu para complementar a carreira como cientista politico e dar mais conhecimento sobre o mundo jurídico. O curso de ciência política com ênfase em relações internacionais da UFPE recebeu nota máxima, 5, do Ministério da Educação (MEC), no final de 2012.
Yuri Freitas se apaixonou pela arqueologia. (Foto: Vitor Tavares / G1)Primeiro interessado em engenharia, Yuri Freitas
se apaixonou pela arqueologia.
(Foto: Vitor Tavares / G1)

Arqueologia
Se por um lado os interessados em fazer ciência política precisam saber que o curso tem “apenas” a ênfase em relações internacionais, os estudantes tentando uma vaga em arqueologia precisam entender que não serão nenhum tipo de “Indiana Jones”. A opinião é de um dos formados pelo curso da UFPE, Yuri Freitas, que continua dentro da instituição, agora como aluno do mestrado.

Yuri caiu “por acaso” na graduação em arqueologia. Ele tentou o vestibular na UFPE para engenharia e ficou na lista de remanejamento. Com abertura da seleção para o preenchimento de vagas remanescentes de outros cursos, Yuri optou por entrar na área pela qual, quatro anos depois, se apaixonou. “No começo, eu tinha aquele indecisão sobre se realmente queria estudar aquilo. Mas no decorrer do curso fui gostando muito e hoje já não me vejo em outra área a não ser arqueologia”, disse.
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De acordo com o arqueólogo, para concluir o curso o estudante precisa gostar de tudo um pouco, já que a área abrange matérias de geografia, história, biologia, física e química. “Temos que saber disso tudo, porque o trabalho pede isso. Então, não é um curso fácil, precisa de dedicação, até porque há dias em que se tem aula pela manhã e pela tarde”, explicou Yuri. Colou grau na primeira turma de arqueólogos da UFPE um total de 13 alunos – foram aprovadas no vestibular 30 pessoas.

Apesar de existirem poucos profissionais no mercado, há vagas disponíveis para arqueólogos. De acordo com a Lei 3924.61, para a execução de obras de grande porte no Brasil é obrigatório o acompanhamento arqueológico. “Com o PAC (Programa de Aceleração de Crescimento) e suas várias obras, temos essa demanda pelos profissionais. Além disso, podemos participar de diversas pesquisas e projetos históricos, que são fortes aqui em Pernambuco”, comentou Yuri. Um profissional de arqueologia costuma ganhar, no início de carreira, entre três e cinco salários mínimos. Entretanto, muitas vezes é preciso se mudar para ir atrás de algum projeto em diferentes sítios arqueológicos, às vezes longe de Pernambuco.

Atualmente, Yuri Freitas participa de um projeto que faz levantamento das patologias em azulejos de vinte monumentos históricos em Pernambuco, como no Convento de São Francisco, em Olinda. O trabalho, segundo Yuri, chama a atenção das pessoas “Quando falo que sou graduado, muitos olham surpresos, por achar algo exótico. Temos que conviver com algumas piadinhas, como por exemplo ser chamado de caçador de dinossauros, mas nada que interfira negativamente”, comentou.

O curso de arqueologia ainda não foi avaliado pelo MEC. De acordo com a UFPE, a expectativa é receber os avaliadores até o final de 2013."

Fonte e Imagem: G1.globo.com