Escola de Monteiro Lobato, SP, acaba com séries e ensina ao ar livre
12/08/2013
"Escola de Monteiro Lobato, SP, acaba com séries e ensina ao ar livre
Objetivo do método é dar autonomia aos alunos do ensino fundamental.
Modelo é inspirado em sistema de ensino da escola da Ponte, em Portugal.
Escola Instituto Pandavas - Monteiro Lobato (Foto: Daniel Corrá/G1)Escola fica numa área de preservação ambiental em Monteiro Lobato e alunos estudam acompanhados por tutores (Foto: Daniel Corrá/G1)
Esqueça a aula convencional com alunos sentados dentro da sala e o professor ditando o conteúdo a ser ensinado. Uma escola sem fins lucrativos de Monteiro Lobato(SP) tem apostado em um modelo de ensino diferente: com aulas ao ar livre e conteúdos pesquisados e discutidos pelos próprios alunos, com o acompanhamento de um tutor.
As mudanças não param por aí: os alunos também não são mais divididos por séries, mas sim por grupos de estudo. Mas para organizar as disiciplinas, antes do conteúdo ser pesquisado pelos alunos, ele é fixado em quadros pelos professores.
Localizado em uma área de preservação ambiental, o Instituto Pandavas iniciou essa transformação após um período de dificuldades financeiras da escola que agora se mantêm com doações e conta com professores e funcionários que trabalham em caráter voluntário. A escola anetnde alunos do 1º ao 9º ano.
“A escola tradicional acha que todos devem aprender no mesmo tempo, mas cada um tem seu tempo diferente. Queríamos tirar a “prisão” das disciplinas e permitir que o aluno siga seu próprio ritmo com objetivos”, afirmou o coordenador pedagógico do instituto, Nilton Almeida.
Na escola os alunos tem que cumprir uma programação semanal de estudos acompanhados por um tutor e tem liberdade para consultar livros, sites, e até mesmo colegas de acordo com suas necessidades individuais. “As aulas pelos professores existem quando são solicitadas pelos alunos e todos os dias é feito uma auto-avaliação para identificar o que os alunos cumpriram ou não”, afirma.
Provas mensais ou semestrais também são dispensadas e o aluno é avaliado apenas quando se sente preparado. “Esta avaliação acontece em algum momento e pode ser através de trabalho, prova ou até mesmo aulas”, explica Almeida. Além da avaliação de conteúdo, os alunos também participam de uma avaliação pessoal que analisa comportamento e atitudes durante os estudos.
Escola Instituto Pandavas - Monteiro Lobato 2 (Foto: Daniel Corrá/G1)Provas e avaliações regulares bimestrais também
não são adotadas na escola (Foto: Daniel Corrá/G1)
Modelo português
Segundo Almeida, o modelo é inspirado no conceito da Escola da Ponte, de Portugal, e começou a ser implantado no início deste ano. “No começo os próprios alunos estranharam muito e tiveram medo de ficarem defasados. Até mesmo os pais tiveram receio, mas agora todos estão percebendo que conseguem e podem aprender e ensinar. Eles adoraram o clima de liberdade por sair da sala de aula”, afirma.
O educador José Pacheco, de 62 anos, um dos coordenadores da escola portuguesa, acompanha a implantação do modelo inspirado na Ponte por mais de 100 escolas brasileiras. Segundo Pacheco o principal diferencial é a ruptura com o modelo tradicional e a autonomia dada aos alunos. “O grande drama hoje é que as escolas continuam ensinando alunos do século XXI, com professores do século XX e um modelo psicológico do século XIX. Depois se espantam com 30 milhões de analfabetos, isso não funciona há mais de cem anos”, diz.
De acordo ele, uma escola estadual de São Paulo tem trabalhado em um projeto nos mesmos modelos, priorizando a inclusão social. “A escola da ponte desenvolve que o exercício da autonomia seja um exercício de cidadania plena”, afirma.
No Vale do Paraíba, a instituição lobatense é a primeira a se inspirar na Ponte e o desejo de Pacheco é que o projeto possa ganhar outras cidades da região, como São José dos Campos. “Não faz sentido que cidades com menores potencial tenham neste momento projetos muito mais além do que cidades com grande potencial. Com muito menos recursos eles conseguem desenvolver projetos muito além”.
Aprovação
Mãe de duas estudantes do Instituto, a educadora e artista Cíntia Botelho, de 34 anos, diz que a mudança tem sido positiva para as filhas. “Agora elas podem ter uma relação maior com o aprender, que não fica só ao educador”, afirma. Segundo Cíntia, o modelo tem reforçado também o interesse das filhas por ferramentas de pesquisa como livros e a própria internet.
“Tem dias com projetos e pude ir ver um trabalho apresentado com um grupo de crianças. Foi muito especial, porque todas as crianças falavam com propriedade, ensinando e tendo uma relação de cuidado com o outro e com o professor apoiando”, diz Cíntia."
Fonte e Imagem: G1.globo.com