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Droga tem de ser contida na origem

03/07/2012

 Droga tem de ser contida na origem

Tornou-se lugar-comum afirmar que a droga é o mal do século. A denominação remete à tuberculose, que ceifou talentos e vidas no século 19. Democrática, a doença não discriminava origem, sexo ou classe social. Batia à porta de pobres e ricos. Abrangência semelhante se observa no consumo de substâncias psicoativas. Reportagem publicada pelo Correio Braziliense no domingo traz dados que confirmam informações inquietantes.

A alta renda do Distrito Federal atrai cartéis sul-americanos que visam aos bairros nobres. Cocaína tornou-se oferta comum nos cadápios das festas elegantes da capital. Para chegar ao seleto grupo de jovens ricos, os barões aliciam pessoas do mesmo nível social. Segundo a Polícia Federal, três em cada 10 traficantes detidos por comercializar o entorpecente pertencem à classe média, têm curso superior e moram em áreas valorizadas.

São rapazes e moças que não vacilam em comprometer o futuro em busca do ganho rápido. Pelo acesso fácil aos iguais em escolas, clubes e festas, representam risco maior que os moradores da periferia. O montante movimentado pelo negócio explica o interesse dos cartéis em fincar raízes na capital da República. De janeiro a maio deste ano, a Polícia Civil apreendeu cerca de R$ 200 mil em dinheiro vivo nas mãos dos que mantêm em movimento a cadeia do narcotráfico. Vale a comparação. Em 2011, o valor
alcançou R$ 147 mil.

O consumo de drogas não se restringe às classes privilegiadas. O crack, subproduto da cocaína, circula com desenvoltura pelas vias públicas do Distrito Federal. Crianças, jovens e idosos transformados em andrajos ambulantes fazem parte da paisagem humana do Plano Piloto e cidades do Distrito Federal. Nem as Forças Armadas escapam. Cresce a dependência de entorpecentes na caserna e nos quartéis. No ano passado, média de 14 denúncias mensais chegaram à Justiça militar.

Ninguém duvida do poder e da capacidade de penetração do tráfico. A tentação não se restringe a usuários. Autoridades de diferentes níveis fazem o jogo dos cartéis. A prisão de intermediários nesta ou naquela cidade não resolve o problema. No momento seguinte, um substituto assume o posto. Há que combater o mal na origem. O Distrito Federal não produz drogas. Durante algum tempo, funcionou como corredor por onde passavam cargas para as demais unidades da Federação.

O quadro mudou. Com a partida de voos internacionais do Aeroporto Juscelino Kubitschek, a capital serve de ponto de embarque de carregamentos para abastecer os grandes mercados, sobretudo os Estados Unidos. Não só. O DF tornou-se também consumidor de entorpecentes. Conhecem-se as fronteiras cruzadas pela droga. Impõe-se fiscalizá-las -não só com homens, mas também com câmeras e serviços de inteligência.

Fonte: Correio Braziliense

Imagem: Saude-joni.blogspot.com