Divulgado nome de estagiária que injetou café com leite na veia de idosa na Baixada
16/10/2012
Divulgado nome de estagiária que injetou café com leite na veia de idosa na Baixada
Coren informa que acionará a Justiça para que hospitais entreguem documentação referente a óbitos de duas idosas
RIO E BARRA MANSA — A Prefeitura de São João de Meriti divulgou, na tarde desta terça-feira, o nome da estagiária de enfermagem que injetou café com leite na veia da idosa Palmerina Pires Ribeiro, de 80 anos. Segundo o RJTV, da TV Globo, Rejane Moreira Teles é acusada pela família da vítima de erro médico. O Conselho Regional de Enfermagem do Rio de Janeiro (Coren-RJ) informou, também nesta terça-feira, que vai entrar na Justiça para que o PAM de São João de Meriti e a Santa Casa de Barra Mansa entreguem a documentação referente às mortes de Palmerina e da aposentada Ilda Vitor Maciel, de 88 anos, que teve sopa injetada na veia na semana passada. Parentes de Ilda apoiaram a iniciativa do órgão.
A prefeitura de São João de Meriti, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, já informara na segunda-feira que abriu sindicância administrativa para esclarecer o caso. E que tanto a estagiária técnica de enfermagem como as enfermeiras supervisoras de estágio e de plantão na unidade de saúde foram afastadas de suas funções. O caso está sendo investigado pela 64ª DP (São João de Meriti).
Parentes e amigos de Palmerina já cobravam uma explicação da Secretaria de Saúde do município para a morte da paciente. Segundo uma das netas da idosa, a manicure Ângela Ribeiro da Silva, de 39 anos, a unidade não queria revelar a identidade da estudante.
— Eles dizem que há um convênio entre o curso feito pela estagiária que aplicou a injeção e a secretaria. Mas não querem dar o nome nem da estagiária nem do curso. Estamos achando que esse convênio não existe — disse Ângela, antes da revelação do nome da estagiária.
Já o filho de Ilda, Luiz Gonzaga Maciel, de 52 anos, disse que acha um desrespeito da Santa Casa de Barra Mansa demorar em entregar os documentos referentes ao caso de sua mãe. Ele lembrou que a família está sem informações, como, por exemplo, do resultado do laudo de necrópsia. O exame feito no Instituto Médico-Legal (IML) de Volta Redonda vai confirmar ou não se a morte de Ilda foi provocada pelo erro médico.
A enfermeira injetou a sopa na veia da paciente, em vez de injetar na sonda que estava no nariz de Ilda. A família da idosa está convencida de que a vítima, que sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), morreu devido à imprudência da enfermeira da Santa Casa de Barra Mansa.
— Acho uma sacanagem o que a Santa Casa estava fazendo com a gente (parentes). Por isso apoio a iniciativa do Coren de acionar a Justiça, para que a direção do hospital libere esses documentos o mais rapidamente possível – disse Luiz Gonzaga.
Ele lembrou que no dia em que sua mãe morreu, na semana passada, a família estava no Instituto Médico-Legal de Volta Redonda, sem saber ao certo que horas o corpo chegaria ao IML. Mas, segundo ele, um funcionário do órgão chegou a mencionar o nome de Ilda, demonstrando que já sabia que sua mãe tinha sido morta e que o corpo dela estava indo para lá.
Neto de Ilda, Mauro Ferreira Maciel, de 33 anos, também aprovou a inciativa do Coren. Ele informou que sua tia Ana Rute Maciel depôs na manhã desta terça-feira, na Ouvidoria da Santa Casa.
— Com certeza aprovo o que o Coren pretende fazer. Minha família mesmo já tentou conseguir o prontuário médico, mas a direção alegou que o documento, primeiro, teria que ser analisado pela polícia. Fui informado apenas que o laudo de necropsia do IML ainda não ficou pronto – disse Mauro.
Vítima é enterrada na Baixada
O corpo de Palmerina Pires Ribeiro foi enterrado no Cemitério Vila Rosali, em São João de Meriti, na manhã desta terça-feira. A mulher, de 80 anos, deixou 16 filhos, 40 netos e 10 bisnetos. Ela estava internada desde 3 de outubro com pneumonia e problemas renais. Segundo os parentes, o estado dela era grave, mas Palmerina estava consciente e se recuperando.
Uma das filhas da idosa, Ilma Ribeiro, de 52 anos, contou, no velório, que havia tido um pesadelo horas antes de saber que a mãe tinha sido vítima de erro médico. Ela acordou sobressaltada e, horas depois, recebeu da irmã um telefonema avisando que a mãe havia recebido uma injeção de café com leite na veia no hospital onde estava internada.
— Na hora, pensei: não vai ter volta — contou Ilma, lembrando de outro episódio traumático que viveu. Há 35 anos, ela perdeu um filho de 10 meses, que, segundo ela, também foi vítima de erro médico.
Fonte: Oglobo.com
Imagem: Oglobo.com