Compartilhamento do espaço social é assunto no Projeto Educação
09/08/2013
"Compartilhamento do espaço social é assunto no Projeto Educação
Professor de sociologia explicou relações das pessoas no mundo coletivo.
Relações entre indivíduo e sociedade variam com o acesso à educação.
O Projeto Educação desta sexta-feira (9) tentou explorar um pouco mais do desafio que é viver em sociedade, compartilhando vários espaços, como ruas e calçadas. Mais uma vez utilizada como exemplo, a mobilidade urbana serviu para explicar onde terminam os nossos direitos e começam os dos outros.
No Recife, muita gente vem redescobrindo que pode curtir a cidade sobre duas rodas. As bicicletas viraram febre, principalmente nos dias de domingo, quando funciona a ciclofaixa móvel. Com mais ciclistas nas ruas, motoristas e pedestres precisam aprender, de novo, a dividir o espaço, já disputado, com um número maior de pessoas. “Quando todo mundo souber o limite, a conduta que deve ser mantida, a gente vai começar a ter um espaço para pedalar mais seguro, espaço para caminhar mais seguro, espaço para dirigir mais seguro”, contou o cicloativista Alcides Neto.
Entretanto, é muito comum presenciar na cidade cenas como carro cortando pelo acostamento, ciclista andando pela calçada e pedestre andando pela rua. A confusão assustou Fábio Medeiros, professor de sociologia. “Você fica com muito receio de ser atropelado, de ser pego, de não ser respeitado. O tema da ‘mobilidade urbana’ envolve necessariamente um tema muito preciso na sociologia, que foi estudado por Norbert Elias: que é a questão da sociedade e dos indivíduos”, comentou.
Professor Fábio Costa discutiu o comportamento social. (Foto: Reprodução / TV Globo)Professor Fábio Costa discutiu o comportamento social.
(Foto: Reprodução / TV Globo)
Essa preocupação apenas com interesses particulares sempre acompanhou o homem, mas ela nunca incomodou tanto como agora. “A modernidade trouxe à tona algo muito importante para o ser humano, que é a sua individualidade, seu valor enquanto pessoa, sua dimensão da liberdade, da autonomia, do seu direito acima de tudo e que é garantido, inclusive pela constituição”, explicou o professor.
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As relações entre indivíduo e sociedade mudam de lugar para lugar e variam com o nível socioeconômico e de acesso à educação dos grupos. “Quem tem acesso às condições de educação, às condições de melhoria de vida material, acesso à informação, a um conhecimento mais vasto, com certeza interfere nas concepções de sua vida e do coletivo. E num sentido muito positivo, porque permite uma consciência e uma clareza maior”, falou Fábio.
Porém, serviços básicos como o transporte coletivo, de saúde, de educação e lazer são ofertados de modo diferente para quem tem mais ou menos dinheiro. “Nossa sociedade aprendeu muito a depender do estado. Se a sociedade depende do estado, o estado, que também somos nós, precisa saber lidar com políticas que sejam muito mais inclusivas e possibilite, nos force inclusive, a estabelecermos pontos de coletivismo. Essa discussão sobre a mobilidade é uma retomada da discussão política, retomada de políticas públicas, de retomada de consciência como cidadania, de retomada de nossas vivências pessoais e sociais”, concluiu o professor Fábio Costa."
Fonte e Imagem: G1.globo.com