Faça uma busca abaixo:
Posso Ajudar?

Aumenta número de alunos especiais na rede pública

21/06/2012

Aumenta número de alunos especiais na rede pública

 

O número de alunos com necessidades especiais matriculados nas escolas de ensino regular da rede municipal de Rio Preto triplicou em dez anos. Atualmente, 668 estudantes com deficiências como síndrome de Down, autismo e paralisia cerebral, por exemplo, frequentam classes comuns. Em 2003, eram apenas 211.

Para a gerente de ensino especial de Rio Preto, Elza de Araújo Góes, o crescimento é consequência do trabalho de movimentos sociais que geraram políticas públicas promotoras de inclusão, da proposta educacional do município, e dos serviços prestados pelos professores de Atendimento Educacional Especializado (AEE), que tem garantido o acesso e a permanência do aluno com deficiência na escola.

O sorridente Nicolas, que completa 9 anos no mês que vem e cursa o terceiro ano do ensino fundamental numa escola municipal, faz parte dessa nova realidade. O pequeno é portador de síndrome de Down e desde a educação infantil seus pais optaram pelo ensino regular. "Estou satisfeita. Ele é muito esperto e está evoluindo bastante", diz a mãe do garoto, a secretária Aparecida Bernardinelli Rossini, 44.

Além da escola, Nicolas frequenta um projeto social duas vezes por semana, onde desenvolve atividades ligadas às artes e ao esporte, e faz sessões com fonoaudióloga e terapeuta ocupacional uma vez por semana, profissionais que constantemente trocam informações com sua professora.

"O Nicolas adora música e esportes. É uma criança com a vida social bastante ativa", fala o pai do menino, o policial militar Paulo Sérgio Rossini, 42. Comunicativo, Nicolas é querido pelos colegas de classe e diz ser uma criança feliz. "O diagnóstico de deficiência não determina o potencial da criança. Melhor do que se prender a relatórios médicos, os educadores precisam entender que tais diagnósticos são uma pista para descobrir o que interessa: quais obstáculos o aluno enfrentará para aprender, e eles, para ensinar", fala a a gerente de ensino especial de Rio Preto.

Ela observa que, ao planejar as atividades para um aluno com deficiência intelectual, o educador precisa conhecer os seguintes aspectos: realidade familiar e social, características pessoais, interesses e peculiaridades, processo e necessidades de aprendizagem, o que ele já sabe e o que está em vias de aprender. "Considerando esses aspectos, poderemos organizar um planejamento voltado para a diversidade, de forma a contemplar suas reais necessidades e potencialidades."

Para a fonoaudióloga e pedagoga da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp) Lana Cristina de Paula Bianchi, frequentar a sala de aula ao lado de crianças padrão favorece o desenvolvimento dos alunos com necessidades especiais, principalmente daqueles com deficiências leves, com condiçoes de entender a fala e a escrita.

A profissional assinala, no entanto, que, além do ensino regular, a criança especial precisa ser acompanhada por profissionais como fonoaudióloga, psicopedagoga e terapeuta ocupacional, que vão dar respaldo ao trabalho do professor em sala de aula. Ela observa ainda que o ganho numa sala de aula é muito maior para o aluno que não possui necessidades especiais. "Ele vai perceber que pode ajudar o colega e se formará um cidadão menos arrogante, que sabe valorizar o outro."

Lana, idealizadora do projeto Ding Down (que atende crianças com a síndrome), também fala da importância da criação de políticas públicas que favoreçam o desenvolvimento das habilidades dos alunos com deficiências, relacionadas, por exemplo, a música, dança e esportes.

Frequentando o oitavo ano do ensino fundamental, os estudantes José Luis Vicentin, 16, e Gabriel Nicholas de oliveira, 17, ambos com deficiência intelectual leve, agora também participam do projeto de Educação Especial para o Trabalho da Apae de Rio Preto.

Mariná Tiago Queiróz, professora dos adolescentes na instituição, conta que eles têm aulas de português, história, matemática, com enfoque no mercado de trabalho. "Muitos chegam com a auto-estima baixa, por não conseguirem acompanhar o ritmo dos colegas de sala de aula. Tentamos reverter esse quadro, passando confiança e mostrando que são capazes."

É necessário manter aluno

Para Suzeli Faria Bello, fonoaudióloga e mestre em educação especial, o crescente aumento de matrículas demonstra que há mudanças no acesso dos alunos com necessidades especiais no ensino regular, mas é preciso pensar nas práticas efetivas para a permanência deles na escola.

Na opinião da especialista, para que isso seja possível, deve ocorrer adaptação curricular, dinamismo e criatividade no processo de envolvimento com o aprendizado, pois, assim, não só o aluno com necessidades especiais se beneficiará, mas todo o coletivo. "Dessa forma, precisamos de professores preparados e que tenham suporte especializado para a atuação dentro da sala de aula."

Para Suzeli, desde que haja um envolvimento da família, da escola e de outros profissionais no auxílio do processo inclusivo (com materiais, recursos e profissionais capacitados e preparados trabalhando em cooperação com o professor), o aluno com necessidades especiais deve ser tratado como todos os demais, porque tem habilidades e dificuldades que poderão ser supridas ou minimizadas como qualquer outro.

Segundo a gerente de ensino especial de Rio Preto, o município conta com 35 salas de recursos multifuncionais e 31 professoras de Atendimento Educacional Especializado para atender os alunos com algum tipo de deficiência no contra-turno escolar do ensino regular. "Em nossas escolas, há colaboração do professor de Atendimento Educacional Especializado, que elabora a disponibilização de serviços, os recursos pedagógicos e de acessibilidade."

Fonte: Diarioweb.com

Imagem: trissomia21.blogs