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Após transplante de pulmão, homem nada 2,4 km em 'fuga de Alcatraz'

12/08/2013

"Após transplante de pulmão, homem nada 2,4 km em 'fuga de Alcatraz'

Gavin Maitland havia sido diagnosticado com doença de causa desconhecida; travessia em San Francisco comemorou 5 anos de cirurgia.

Em 2008, Gavin Maitland se submeteu a um transplante duplo de pulmão que salvou sua vida. Em maio deste ano, para celebrar os cinco anos após a cirurgia, ele e seus dois filhos se juntaram a outros oito nadadores e desafiaram as águas frias e as fortes correntezas da Baía de San Francisco, no oeste dos EUA, nadando os 2,4 km que separam a notória Ilha de Alcatraz do continente.
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"Quero fazer a travessia entre a Ilha de Alcatraz e San Francisco a nado, para comemorar meus cinco anos de vida", anunciou Maitland à família em outubro do ano passado.

O paciente tinha muito o que celebrar. Estatísticas mostram que apenas 30% dos pacientes que se submetem a um transplante de pulmão continuam vivos dez anos após o procedimento.

Atualmente, o tempo médio de vida de uma pessoa que se submete a um transplante de pulmão nos EUA e na Europa é de cinco anos.

O diagnóstico
Ninguém sabe por que os pulmões de Maitland pararam de funcionar quando ele tinha 41 anos – ele nunca fumou e sempre praticou esportes. Segundo os médicos, foi um caso raro.

O patologista que cuidou do caso de Maitland deu à doença um nome impronunciável. "É uma espécie de fibrose pulmonar, em que o tecido se torna duro e inútil", disse o médico. E a conclusão oficial foi de que a causa da doença era desconhecida.

Maitland passou cinco anos com uma tosse que ninguém conseguia diagnosticar, até o dia em que deitou no chão e não conseguiu mais se levantar. As semanas seguintes foram marcadas por uma sucessão de más notícias.

"Me disseram que eu só teria seis meses de vida e que minha única chance de sobreviver era um transplante duplo de pulmão", conta o homem.

Depois de semanas de consultas, testes e procedimentos, um médico do hospital telefonou e disse que Maitland não poderia sobreviver ao procedimento de transplante, e que eles não poderiam mais cuidar do caso.

Após meses de pesquisas, contatos com outros hospitais e muitas rejeições, Maitland recebeu uma resposta positiva do hospital Duke University Medical Center, em Durham, no Estado da Carolina do Norte, no leste dos EUA, que o colocou numa lista de espera para o transplante de pulmão.

Maitland não precisou esperar muito tempo. A morte trágica de um jovem permitiu que ele pudesse "voltar a respirar fundo".

Segundo ele, muitas pessoas se referem ao procedimento como um "segundo fôlego", mas os médicos responsáveis enfatizam que o transplante de pulmão, assim como o de outros orgãos, não é uma cura, mas simplesmente a troca de uma condição aguda por outra.

'The Alcatraz swim'
Maitland, que sempre gostou de nadar, conheceu a competição The Alcatraz Swim ('A competição de natação de Alcatraz', em tradução livre), por meio da professora de natação de seu filho.

Mas essa não foi a primeira competição da qual ele participou. Um pouco mais de um ano após a cirugia, o homem competiu pela primeira vez em um triatlo, onde nadou 750 metros, pedalou 20 km e correu mais 5 km.

"A prática de exercício físico está diretamente relacionada à recuperação de pacientes que se submeteram a um transplante de pulmão", explica Maitland. "Depois da operação, eu me exercitava até mais do que os médicos recomendavam."

Para a travessia, o homem começou treinando três vezes por semana, por cerca de 20 a 30 minutos por dia, e gradativamente aumentou a intensidade e a distância. No perído entre janeiro e abril, Maitland nadou todos os dias. Em maio, ele já estava pronto para encarar o desafio.

Final de sucesso
Na manhã do domingo do dia 12 de maio, dez nadadores pegaram um barco para chegar a Alcatraz, onde entre 1933 e 1963 funcionou uma famosa prisão, que se tornou mundialmente conhecida com o filme "Alcatraz – Fuga Impossível", estrelado por Clint Eastwood em 1979.

Nos primeiros 20 minutos, Maitland e seus filhos, Zander, de 13 anos, e Riley, de 11 anos, nadaram praticamente juntos, enfrentando a água com temperatura de 13° C. Então, as crianças começaram a se distanciar.

Depois de meia hora, elas começaram a ficar impacientes, gritando a distância palavras de incentivo para o pai. Quando estava a apenas 182 metros do continente, Maitland sentiu uma forte cãibra que paralisou suas pernas. Mas, com a ajuda de um dos caiaques de apoio que acompanhavam os nadadores, Maitland saiu da água por alguns minutos, bebeu água e logo voltou a nadar.

Depois de cruzar no caminho com um leão marinho, Maitland concluiu a travessia com sucesso, juntando-se aos dois filhos. Toda a travessia durou pouco mais de uma hora.

Maitland disse que possivelmente vai participar novamente da competição de Alcatraz no ano que vem, mas antes deve atravessar a nado o estreito de Dardanelos, no noroeste da Turquia.

"O poeta inglês George Byron concluiu a travessia em 1810, e foi o primeiro nadador a fazer isso nos tempos modernos. Parece uma experiência incrível, apenas cerca de 5 km entre a fronteira da Europa com a Ásia", conta Maitland."

Fonte e Imagem: G1.globo.com